Momento de inércia

Mecânica clássica
Diagramas de movimento orbital de um satélite ao redor da Terra, mostrando a velocidade e aceleração.
Cinemática
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Em mecânica, o momento de inércia, ou momento de inércia de massa, expressa o grau de dificuldade em se alterar o estado de movimento de um corpo em rotação. Diferentemente da massa inercial (que é um escalar), o momento de inércia ou Tensor de Inércia também depende da distribuição da massa em torno de um eixo de rotação escolhido arbitrariamente. Quanto maior for o momento de inércia de um corpo, mais difícil será girá-lo ou alterar sua rotação. Contribui mais para o aumento do valor do momento de inércia a porção de massa que está afastada do eixo de giro. Um eixo girante fino e comprido, com a mesma massa de um disco que gira em relação ao seu centro, terá um momento de inércia menor que este. Sua unidade de medida, no SI, é quilograma vezes metro ao quadrado (kg·m²). Em mecânica clássica, momento de inércia também pode ser chamado inércia rotacional, momento polar de inércia.

Para movimentos planos de um corpo, a trajetória de todos os pontos acontece em planos paralelos e a rotação ocorre apenas em torno do eixo perpendicular a esse plano. Neste caso, o corpo tem um único momento de inércia, medido em torno desse eixo.

Introdução

Definição escalar

Quando está girando, o disco de uma serra elétrica possui uma energia cinética associada à rotação. Para expressar tal energia cinética K {\displaystyle K} , não se pode aplicar a fórmula convencional K = 12 mv2 ao disco como um todo, pois isso resultaria apenas na energia cinética do centro de massa do disco, que é nula. Em vez disso, há de se tratar o disco, assim como qualquer outro corpo rígido em rotação, como um conjunto de partículas a diferentes distâncias do centro do disco e, portanto, com diferentes velocidades. Dessa forma, a energia cinética total do objeto será a soma das energias cinéticas de cada partícula. Considerando a rotação de um corpo rígido como um conjunto de partículas em movimento circular em torno de um eixo fixo, as distâncias r i {\displaystyle r_{i}} de cada partícula i {\displaystyle i} relacionam-se às suas velocidades v i {\displaystyle v_{i}} por uma velocidade angular ω {\displaystyle \omega } , igual para todas as partículas, pela relação v i = ω r i {\displaystyle v_{i}=\omega r_{i}} . Com isso, usando a definição de energia cinética para várias partículas, a princípio de massas m i {\displaystyle m_{i}} distintas, obtém-se a seguinte expressão:[1]

K = 1 2 m i v i 2 = 1 2 m i ( ω r i ) 2 = 1 2 ( m i r i 2 ) ω 2 {\displaystyle K=\sum {\frac {1}{2}}m_{i}v_{i}^{2}=\sum {\frac {1}{2}}m_{i}(\omega r_{i})^{2}={\frac {1}{2}}\left(\sum m_{i}r_{i}^{2}\right)\omega ^{2}}

Nessa expressão, subentende-se que a soma é estendida a todas as partículas do corpo. A grandeza entre parênteses no lado extremo direito da equação depende da forma como a massa do corpo está distribuída em relação ao eixo da rotação. Denomina-se tal grandeza como sendo o momento de inércia do corpo em relação a tal eixo de rotação. O momento de inércia, representado pela letra I {\displaystyle I} , depende do corpo e do eixo em torno do qual está sendo executada a rotação, isto é, seu valor só possui significado se for especificado em relação a qual eixo de rotação o corpo gira. Com isso, representando m {\displaystyle m} a sua massa e r {\displaystyle r} sua distância ao eixo de rotação, a definição formal de momento de inércia para uma partícula isolada é:[1]

Definição de momento de inércia (uma partícula)

I = m r 2 {\displaystyle I=mr^{2}}

Cálculo

Por definição, o momento de inércia I {\displaystyle I\,\!} de uma partícula de massa m {\displaystyle m\,\!} e que gira em torno de um eixo, a uma distância r {\displaystyle r\,\!} dele, é[2]

I = m r 2 {\displaystyle I=mr^{2}} .

Se um corpo é constituído de n {\displaystyle n} massas pontuais (partículas), seu momento de inércia total é igual à soma dos momentos de inércia de cada massa:

I = i = 1 n m i r i 2 {\displaystyle I=\sum _{i=1}^{n}m_{i}r_{i}^{2}} ,

sendo m i {\displaystyle m_{i}} a massa de cada partícula, e r i {\displaystyle r_{i}} sua distância ao eixo de rotação.

Para um corpo rígido, podemos transformar o somatório em uma integral, integrando para todo o corpo C {\displaystyle C} o produto da massa m {\displaystyle m\,\!} em cada ponto pelo quadrado da distância r {\displaystyle r\,\!} até o eixo de rotação:

I c = C r 2 d m {\displaystyle I_{c}=\int _{C}r^{2}\,dm\,\!} .

Exemplos

Ver artigo principal: Lista de momentos de inércia

Há vários valores conhecidos para o momento de inércia de certos tipos de corpos rígidos. Alguns exemplos (supondo que a distribuição de massa seja uniforme:[2]

  • Para um cilindro maciço de massa M {\displaystyle M} e raio da base R {\displaystyle R} , em torno de seu eixo:
I = 1 2 M R 2 {\displaystyle I={\frac {1}{2}}MR^{2}}
  • Para uma esfera maciça de massa M {\displaystyle M} e raio R {\displaystyle R} , em torno de seu centro:
I = 2 5 M R 2 {\displaystyle I={\frac {2}{5}}MR^{2}}
  • Para um anel cilíndrico de massa M {\displaystyle M} e raio R {\displaystyle R} , em torno de um eixo paralelo à geratriz e passando por seu centro:
I = M R 2 {\displaystyle I=MR^{2}}
  • Para um cilindro vazado de raio externo R {\displaystyle R} e de raio interno r {\displaystyle r} , em torno do seu eixo:
I = M 2 ( r 2 + R 2 ) {\displaystyle I={\frac {M}{2}}(r^{2}+R^{2})}
  • Para uma barra delgada, com área de seção transversal tendendo a 0 e comprimento L {\displaystyle L} , perpendicularmente à barra e passando por seu centro:
I = 1 12 M L 2 {\displaystyle I={\frac {1}{12}}ML^{2}}
  • Para uma barra delgada, com área de seção transversal tendendo a 0 e comprimento L {\displaystyle L} , perpendicularmente à barra e passando por uma de suas extremidades:
I = 1 3 M L 2 {\displaystyle I={\frac {1}{3}}ML^{2}}

Ver também

Referências

  1. a b Halliday 2012, p. 261
  2. a b WALKER, Jearl (2016). Fundamentos de Física 10 ed. Rio de Janeiro: LTC. p. 270-273. ISBN 978-85-216-3035-7 

Bibliografia

  • Halliday, David (2012). Fundamentos de Física Volume 1 - Mecânica (9ª ed). Rio de Janeiro, RJ: LTC - Livros Técnicos e Científicos 
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