MC Serginho & Lacraia

MC Serginho & Lacraia
MC Serginho & Lacraia
Lacraia e MC Serginho em futebol beneficente em 2003.
Informação geral
Origem Rio de Janeiro, RJ
País Brasil
Gênero(s) funk carioca
Período em atividade 2002–2011
Ex-integrantes MC Serginho
Lacraia

MC Serginho & Lacraia foi uma dupla de funk carioca originada na Favela do Jacarezinho, Rio de Janeiro. Serginho e Lacraia tornaram-se conhecidos ao emplacar o hit "Égua Pocotó".[1]

A dupla era formada pelo cantor, DJ, produtor e compositor[1] brasileiro Sérgio Braga Manhães (Rio de Janeiro, 8 de janeiro de 1957), o MC Serginho, e pelo dançarino, comediante, DJ e cantor[a] brasileiro Marco Aurélio da Silva[b] (Birigui, 19 de maio de 1977 – Rio de Janeiro, 10 de maio de 2011), a Lacraia.[2]

Criados no Jacarezinho, se conheceram na quadra do Salgueiro[3] ainda nos anos 2000,[4] e tornaram-se amigos. A dupla obteve reconhecimento na indústria musical no início de 2002, com a canção "Vai Serginho!", composição de MC Serginho que tornou-se conhecida quando cantada por participantes do Big Brother Brasil 1. Tornaram-se ainda mais conhecidos ao lançarem "Égua Pocotó", outra composição de Serginho e uma das canções mais executadas do rádio no Brasil em 2003.[5]

O fim da dupla se deu em 2011, quando Serginho e Lacraia seguiram carreira solo. Serginho tentou carreira como DJ e cantor solo, mas não obteve sucesso. Lacraia também tentou na área de DJ, mas, assim como MC Serginho, não obteve êxito. Por fim, tentou seguir carreira como cantor, tendo gravado duas músicas para um álbum que teria seis. As últimas quatro músicas não foram gravadas devido à subsequente morte do dançarino. Marco Aurélio, a Lacraia, morreu aos 33 anos em 10 de maio de 2011. Conforme MC Serginho, a causa da morte do artista foi um enfisema pulmonar.

Carreira

O reconhecimento da dupla veio no início de 2002,[1] com a canção Vai Serginho!, que descreve uma relação sexual (originalmente a fama dessa música adveio de participantes do primeiro BBB com origem naquela cidade que cantavam a mesma em referência a um dos participantes, particularmente as moças da casa). A consagração popular veio, no entanto, com o hit Égua Pocotó, também conhecida como Eguinha Pocotó, que foi uma das canções de maior execução nos rádios do Brasil em 2003.[1] A letra, segundo MC Serginho, seria referência a uma brincadeira com sua filha. A música pode ser interpretada ainda com conotação erótica, fato que talvez tenha auxiliado o hit a cair nas graças do público.

Ao contrário de boa parte das músicas tocadas nas grandes rádios comerciais, o funk carioca curiosamente parece não necessitar da compensação monetária fornecida às rádios conhecida como jabá, praticada por grandes gravadoras para fomentar as músicas de trabalho de seus grupos musicais. Na verdade, os grupos surgidos das próprias comunidades não têm por vezes nem sequer discos próprios, dependendo de coletâneas que trazem diversos MCs. Talvez a mais notória delas seja a série intitulada Furacão 2000. O disco Furacão 2000 Twister, contendo os sucessos "Égua Pocotó" e "Vai Lacraia" (em homenagem à dançarina que também ficou bastante conhecida) vendeu cerca de 150 mil cópias.[1]

Participou de inúmeros programas televisivos, como os dominicais do Leão, na MTV[6] e no Pânico na TV. Em fevereiro de 2003, sua participação no Domingo Legal rendeu ao programa a liderança na audiência dominical naquele horário, com 20 pontos.[1] A eminência da dupla Serginho e Lacraia se mostra em referências que vão desde letras do compositor Carlos Careqa[7] a até nomes de bares no Rio de Janeiro.[8]

Integrantes

MC Serginho

MC Serginho
MC Serginho & Lacraia
Serginho em 2003.
Nome completo Sérgio Braga Manhães
Nascimento 8 de janeiro de 1957 (67 anos)
Rio de Janeiro, DF
Nacionalidade brasileiro
Filho(a)(s) 1
Ocupação

Sérgio Braga Manhães nasceu na Favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, em 8 de janeiro de 1957, filho de Gerusa Braga e Marcos Manhães.[9] Criado numa família voltada culturalmente ao samba, Sérgio, embora tivesse muita ligação com o carnaval e os blocos, se interessou ainda jovem pela black music, citando o músico James Brown como um de seus ídolos.[10]

Serginho conta que, apesar do preconceito com relação à criminalidade da região, seu avô viveu além dos cem anos, e seu pai faleceu com mais de noventa. Após o fim da dupla, teve um declínio na carreira, mesmo tendo tentado fazer apresentações.[10]

Ainda durante a juventude, trabalhou como carregador de caixas[10] e frentista[9] para sustentar a família; seu pai era mecânico desempregado, enquanto sua mãe lavava roupas. Além disso, carregava bolsas na feira. Atualmente é separado e pai de uma filha.[10] No final dos anos 1990, atuou como DJ.[11]

Com o reconhecimento da canção "Vai, Serginho" e sua versão censurada, foi convidado por Xuxa para se apresentar.[10] Sérgio foi homenageado pela organização não governamental AgAnim.[9]

"Recebo muito carinho da comunidade LGBT ainda hoje e tenho muito carinho também por ela. Tanto é que nem cobro quando faço shows nas paradas gays."
— MC Serginho sobre suas apresentações pela comunidade LGBT.

 [9]

Lacraia

Lacraia
MC Serginho & Lacraia
Lacraia em 2003.
Nome completo Marco Aurélio da Silva[b]
Pseudônimo(s)
  • Volpi Jones
  • Margareth Robocop
  • Marquinho[10]
Nascimento 19 de maio de 1977
Birigui, SP
Morte 10 de maio de 2011 (33 anos)
Rio de Janeiro, RJ
Causa da morte enfisema pulmonar[c]
Nacionalidade brasileira
Ocupação

Marco Aurélio da Silva[b] nasceu em Birigui, São Paulo, em 19 de maio de 1977, filho de Maria Alice da Silva. Lacraia tornou-se um símbolo do respeito e orgulho LGBT no funk carioca.[17]

Criado na Favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, trabalhou como cabeleireiro, camareiro e camelô. Na década de 1990, participou de teatro e, ao mesmo tempo, fazia performances como drag queen com o pseudônimo de Volpi Jones, uma referência à modelo, cantora e atriz jamaicana Grace Jones.[17][10]

Marco foi apelidado de Lacraia devido ao seu porte físico, inicialmente de forma ofensiva. Posteriormente adotou como nome artístico. Depois, passou a ser chamado de Margareth Robocop, também devido ao porte físico e a forma de dançar. Serginho se referia a ele como Marquinho, redução de Marco, seu nome de batismo.[17][10]

Nos últimos anos de vida, após o fim da dupla com Serginho, tentou carreira como DJ. Sem sucesso, passou seus últimos meses de vida fora da mídia.[17] Lacraia lançaria seu primeiro disco como cantor, e chegou a gravar duas das seis músicas pretendidas, porém o projeto nunca foi lançado devido à sua morte, antes mesmo que as gravações fossem concluídas.[12]

Em 2011, Marco Aurélio foi internado no Hospital Gaffrée Guinle, na Tijuca, bairro do Rio de Janeiro. Robson Almeida, agente do artista, afirmou que ele chegou a receber alta, mas voltou a ser internado na mesma época.[19] Muito doente, conforme relata David Brazil, Lacraia morreu aos 33 anos no dia 10 de maio de 2011 no mesmo hospital.[20][21]

A morte do dançarino foi confirmada pelo ex-parceiro de dupla MC Serginho, que também afirmou, assim como David Brazil, que Lacraia estava muito doente e que não sabia o que ele tinha.[2] Conforme Serginho, Lacraia foi vítima de enfisema pulmonar relacionado ao vício em cigarros e bebidas e à má qualidade de sono.[10][c]

Na época, o nome do artista ficou nos trending topics do Twitter como um dos assuntos mais comentados. Celebridades como Solange Gomes e Thalita Lippi também comentaram sobre a morte de Lacraia.[16]

O corpo de Lacraia foi enterrado no dia seguinte no Cemitério de Inhaúma ao som da canção "Eguinha Pocotó", uma das mais conhecidas da parceria com MC Serginho, este que também esteve no velório do artista. Ele foi, além disso, reconhecido por Neno Ferreira, presidente da Associação de Gays de Nova Iguaçu e Mesquita (AGAMIM).[12]

"Lacraia era a madrinha da nossa parada. Mesmo morando no bairro do Jacaré, no Rio de Janeiro, tínhamos muito contato. Ela vai deixar um buraco na nossa luta pelos direitos LGBT. Hoje, se somos respeitados em um baile funk, devemos muito ao trabalho da Lacraia. No dia 28 de agosto, em nossa Parada, faremos uma homenagem a ela"
— Neno Ferreira, presidente da Associação de Gays de Nova Iguaçu e Mesquita.[12]

Discografia

  • MC Serginho (2003)[d]

Notas e referências

Notas

  1. a b Embora nunca tenha se lançado como cantora, Lacraia, antes de falecer, gravou duas canções para um álbum que seria lançado com seis.[12]
  2. a b c Há diversas variações de seu nome nas fontes. O NSCTotal cita Marco Aurélio Silva da Rocha,[13] enquanto uma matéria do Correio do Estado aponta Marco Aurélio Silva Rocha como nome completo da dançarina.[14] Outras publicações apontam Marco Aurélio da Silva,[15] Marco Aurélio Silva da Rosa,[16] Marco Aurélio da Silva Rosa[17][18] e Marco Aurélio da Silva Costa.[11]
  3. a b MC Serginho, em entrevista, afirmou que a causa oficial da morte da dançarina foi um enfisema pulmonar.[10] O agente de Lacraia, Robson Almeida, atestou que a causa da morte da artista foi uma pneumonia.[19] Outras fontes apontam tuberculose como causa da morte de Marco Aurélio.[11]
  4. Embora a canção "Vai Lacraia" esteja no álbum, Lacraia não foi creditado.[22]

Referências

  1. a b c d e f «Com o infame Égua Pocotó, o funk carioca está de volta». veja.abril.com.br. Consultado em 27 de Dezembro de 2009. Arquivado do original em 22 de maio de 2008 
  2. a b «Dançarina Lacraia morreu, confirma MC Serginho». celebridades.uol.com.br. 10 de maio de 2011. Consultado em 17 de dezembro de 2021 
  3. «MC Serginho relembra Lacraia e faz homenagem: 'Me transformou'». UOL. 12 de maio de 2021. Consultado em 16 de maio de 2024 
  4. «MC Serginho fala da saudade de Lacraia 10 anos após sua morte e de parceria: "Me transformou"». Cenapop. 12 de maio de 2021. Consultado em 16 de maio de 2024 
  5. Carvalho, Pietra (5 de agosto de 2023). «'Lacraia mudou minha vida': por onde anda MC Serginho, da 'Eguinha Pocotó'». UOL. Consultado em 17 de junho de 2024 
  6. «João Gordo traz Preta Gil e MCs no especial de verão da MTV». Folha de S.Paulo. 3 de janeiro de 2008. Consultado em 27 de dezembro de 2009 
  7. «Carlos Careqa se diz "filho de ninguém" na MPB». Folha de S.Paulo. 15 de maio de 2004. Consultado em 27 de dezembro de 2009 
  8. «MC Serginho e Lacraia terminam parceria». A Tarde. UOL. 22 de julho de 2009. Consultado em 27 de dezembro de 2009. Arquivado do original em 15 de dezembro de 2013 
  9. a b c d «Mc Serginho nega convites de shows em meio a Covid-19: "Não quero exterminar uma família"». Quem. 28 de agosto de 2022. Consultado em 15 de maio de 2024 
  10. a b c d e f g h i j TICARACATICAST (25 de maio de 2022), MC SERGINHO - TICARACATICAST | EP 136, consultado em 15 de maio de 2024 
  11. a b c «Veja por onde anda MC Serginho, o parceiro de Lacraia | Gazeta Digital». Veja por onde anda MC Serginho, o parceiro de Lacraia | Gazeta Digital. Consultado em 15 de maio de 2024 
  12. a b c d Teixeira, Rodrigo (11 de maio de 2011). «Dançarina Lacraia é enterrada sob aplausos no RJ». Terra. Consultado em 14 de junho de 2024 
  13. «Dançarino de funk Lacraia morre no Rio de Janeiro». NSC Total. Consultado em 15 de maio de 2024 
  14. «Dançarina Lacraia morre de doença crônica». correiodoestado.com.br. Consultado em 15 de maio de 2024 
  15. Berenguel, Fernando (4 de junho de 2020). «Verdades sobre dançarina Lacraia vêm à tona 10 anos após sua morte e viralizam na web». UOL. Consultado em 14 de junho de 2024 
  16. a b «Morre o dançarino de funk Lacraia». UOL. 10 de maio de 2011. Consultado em 14 de junho de 2024 
  17. a b c d e Correia, Ludmilla (17 de janeiro de 2024). «Lacraia desafiou o preconceito no funk e se tornou de símbolo de orgulho». Billboard Brasil. Consultado em 15 de maio de 2024 
  18. «Há 11 anos morria a dançarina Lacraia, ícone do funk». DOL. 12 de maio de 2022. Consultado em 14 de junho de 2024 
  19. a b «Morre Lacraia, da dupla com MC Serginho». g1. 10 de maio de 2011. Consultado em 15 de junho de 2024 
  20. «Morre a Dançarina Lacraia. A causa da morte não foi divulgada». Divulgação Recife. 10 de maio de 2011. Consultado em 17 de dezembro de 2021. Arquivado do original em 17 de outubro de 2015 
  21. «Dançarina Lacraia morre de doença crônica no Rio de Janeiro». diversao.terra.com.br. 10 de maio de 2011. Consultado em 17 de dezembro de 2021 
  22. «Mc Serginho». Letras. Consultado em 16 de junho de 2024 
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