Estação Ferroviária de Elvas

Elvas
Estação de Elvas, em 2010
Estação de Elvas, em 2010
Identificação: 57497 ELV (Elvas)[1]
Denominação: Estação de Elvas
Administração: Infraestruturas de Portugal (até 2020: centro;[2] após 2020: sul)[3]
Classificação: E (estação)[1]
Linha(s): Linha do Leste (PK 264+896)
Altitude: 230 m (a.n.m)
Coordenadas: 38°53′44.07″N × 7°8′32.57″W

(=+38.89558;−7.14238)

Mapa

Localização na rede
Mapa de ferrovias em Portugal
(mais mapas: 38° 53′ 44,07″ N, 7° 08′ 32,57″ O; IGeoE)
Município: border link=ElvasElvas
Serviços:
Estação anterior Comboios de Portugal Comboios de Portugal Estação seguinte
Arronches
Entroncam.to
  R   Badajoz
terminal

Inauguração: 4 de julho de 1863 (há 160 anos)
Website:
  • Página oficial (I.P.), com horários em tempo real (arq. Refer)
  • Página oficial (C.P.)

A Estação Ferroviária de Elvas é uma interface da Linha do Leste, que serve a localidade de Elvas, no Distrito de Portalegre, em Portugal. Foi inaugurada em 4 de Julho de 1863,[4] e ligada ainda nesse ano à fronteira com Espanha.[5]

Detalhe da estação, em 2008
Estação de Elvas à noite, em 2009

Descrição

Localização e acessos

Esta interface situa-se na zona de Fontainhas, junto à cidade de Elvas, tendo acesso pelo Largo da Estação.[6]

Infraestrutura

Segundo o Directório da Rede 2012, lançado pela Rede Ferroviária Nacional em 6 Janeiro de 2011, a estação de Elvas apresentava duas vias de circulação, com 388 e 325 m de comprimento, e duas plataformas, que tinham ambas 45 m de extensão, e 100 cm de altura.[7] O edifício de passageiros situa-se do lado sul da via (lado direito do sentido ascendente, para Badajoz).[8][9] Nesta estação insere-se na rede ferroviária o ramal particular Elvas-Celeiros (EPAC).[1]

História

Ver artigo principal: Linha do Leste § História

Século XIX

Na década de 1840, o governo de Costa Cabral iniciou um ambicioso programa para o desenvolvimento do país, que incluía vários investimentos em obras públicas, especialmente transportes.[10] Neste sentido, em 1845 uma companhia britânica propôs a construção de várias vias férreas que ligassem Lisboa ao Porto, a Madrid e a Sevilha.[10] A linha para Sevilha deveria passar por Évora, Beja e Mértola, e ter um ramal para Estremoz e Elvas.[10] No entanto, estes planos não foram além dos trabalhos de campo, devido à instabilidade política causada pela revolução de 1846.[10] Com o regresso da estabilidade política, na década de 1850, o governo de Fontes Pereira de Melo renovou o interesse pela instalação de caminhos de ferro em Portugal, tendo sido contratada a construção da Linha do Leste, ligando Lisboa a Espanha por Badajoz.[10]

Chegada de Amadeu I à Estação de Elvas

Um dos técnicos contratados para estudar e planear esta via férrea foi o engenheiro francês Wattier, que propôs um traçado entre Santarém e Elvas, ponto de passagem que considerava como essencial devido à sua importância ao nível económico e militar.[11] Na zona de Elvas, a via férrea deveria acompanhar o Rio Seto até às proximidades da vila, devendo a estação ser implantada entre a Porta de Olivença e o Forte de Santa Luzia.[11] Embora fazer a linha chegar a Elvas pela vertente Norte fosse menos dispendioso, o percurso pelo Rio Seto iria permitir uma melhor localização para a estação ferroviária, e uma melhor cobertura por parte das estruturas de defesa da vila.[11] No entanto, não chegou a assinalar de forma definitiva a posição da estação de Elvas, uma vez que saiu do país antes de ter oportunidade de consultar os engenheiros do exército neste sentido.[11] O lanço da Linha do Leste entre Crato e Elvas abriu à exploração no dia 4 de Julho de 1863, pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, enquanto que o tramo seguinte, entre Elvas e a fronteira com Espanha, entrou ao serviço em 24 de Setembro do mesmo ano.[4]

Em 1873, Amadeu I de Espanha parou na estação de Elvas durante a sua viagem de comboio até Lisboa, após ter abdicado do trono espanhol.[12] Embora fosse oficialmente apenas uma paragem de rotina para se apresentar na alfândega, foi recebido com toda a cerimónia na estação.[12]

Gare de Elvas em 1889

Século XX

Projecto abandonado para Estremoz

Ver artigo principal: Ramal de Vila Viçosa

Em 16 de Janeiro de 1899, a Gazeta noticiou que tinha sido aberto um inquérito administrativo para a apreciação do público sobre os projectos ferroviários dos Planos das Redes Complementares ao Norte do Mondego e Sul do Tejo, incluindo uma linha de Elvas até Estremoz, passando por Borba.[13] Em 27 de Novembro de 1902 foi decretado o plano ferroviário na região a Sul do Rio Tejo, tendo uma das linhas classificadas sido a de Estremoz e Elvas.[14] Assim, a via férrea chegou a Vila Viçosa em 1905.[15][16] Uma comissão de 1927, reunida para actualizar o plano, concordou com a continuação até Elvas, mas, devido à oposição das autoridades militares, a linha não chegou a ser prolongada, ficando em Vila Viçosa.[14]

Décadas de 1910 a 1930

Em 1913, existiam serviços de diligências ligando a estação à vila de Elvas e a Campo Maior.[17]

Em 1933, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses executou várias obras de reparação e melhoramentos, no edifício de passageiros.[18] Nesse ano, a estação foi decorada com vários painéis de azulejos, da autoria do artista Jorge Colaço.[19] Em 1934, foram feitas reparações parciais na estação.[20]

Comboios de passageiros e mercadorias na Estação de Elvas, em 1993

Década de 1960

Em 16 de Agosto de 1968, a Gazeta dos Caminhos de Ferro reportou que a Companhia iria em breve iniciar um programa de renovação das suas vias, incluindo a remodelação parcial do troço entre Torre das Vargens e Elvas.[21]

Século XXI

Aspeto da gare em 2005

Em 29 de Agosto de 2017, foram retomados os comboios do Entroncamento a Badajoz, que também serviam a estação de Elvas.[22] Em 2019, foram iniciadas as obras para a linha de Elvas a Évora, que incluiu igualmente a modificação da estação de Elvas, de forma a permitir a circulação e o estacionamento para comboios mais longos.[23]

Ver também

Referências

  1. a b c (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
  2. Diretório da Rede 2021. IP: 2019.12.09
  3. Diretório da Rede 2025. I.P.: 2023.11.29
  4. a b TORRES, Carlos Manitto (1 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1681). p. 9-12. Consultado em 21 de Setembro de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  5. REIS et al, 2006:12
  6. «Elvas - Linha do Leste». Infraestruturas de Portugal. Consultado em 1 de Abril de 2017 
  7. «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85 
  8. (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
  9. Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
  10. a b c d e «80 Anos de Caminhos de Ferro» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 48 (1173). Lisboa. 1 de Novembro de 1936. p. 507-509. Consultado em 21 de Setembro de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  11. a b c d «Documentos para a História» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 30 (699). 1 de Fevereiro de 1917. p. 38. Consultado em 21 de Setembro de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  12. a b FLOREZ, Rafael (1 de Dezembro de 1968). «Toda una Historica Despedida Ferroviaria». Via Libre (em espanhol). Ano 5 (60). Madrid: RENFE. p. 9 
  13. «Há 50 anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 61 (1466). 16 de Janeiro de 1949. p. 112. Consultado em 2 de Abril de 2017 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  14. a b SOUSA, José Fernando de (1 de Março de 1935). «"O Problema da Defesa Nacional" pelo Coronel Raúl Esteves» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1133). p. 101-103. Consultado em 21 de Setembro de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  15. MARTINS et al, 1996:12
  16. CAPELO et al, 1994:252
  17. «Serviço de Diligencias». Guia official dos caminhos de ferro de Portugal. Ano 39 (168). Lisboa. Outubro de 1913. p. 152-155. Consultado em 27 de Fevereiro de 2018 – via Biblioteca Nacional Digital 
  18. «O que se fez nos Caminhos de Ferro em Portugal no Ano de 1933» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1106). 16 de Janeiro de 1934. p. 49-52. Consultado em 21 de Setembro de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  19. PEREIRA, 1995:418
  20. «O que se fez nos Caminhos de Ferro Portugueses, durante o ano de 1934» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1130). 16 de Janeiro de 1935. p. 50-51. Consultado em 19 de Novembro de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  21. «Vão melhorar os serviços da C. P.» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 81 (1928). 16 de Agosto de 1968. p. 96. Consultado em 21 de Setembro de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  22. «ENTRONCAMENTO – Já há comboio directo até Badajoz. CP promove duas viagens diárias (ida e volta)». Rádio Hertz. 30 de Agosto de 2017. Consultado em 25 de Outubro de 2018 
  23. FURTADO, 2020:41, 50
Estação de Elvas em 2005

Bibliografia

  • CAPELO, Rui Grilo; RODRIGUES, António Simões; et al. (1994). História de Portugal em Datas. Lisboa: Círculo de Leitores, Lda. 480 páginas. ISBN 972-42-1004-9  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  • FURTADO, Francisco (2020). A Ferrovia em Portugal: Passado, presente e futuro. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos. 122 páginas. ISBN 978-989-8943-47-7 
  • MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel de; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  • PEREIRA, Paulo (1995). História da Arte Portuguesa. Volume III de 3. Barcelona: Círculo de Leitores. 695 páginas. ISBN 972-42-1225-4 
  • REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)

Leitura recomendada

  • ANTUNES, J. A. Aranha; et al. (2010). 1910-2010: O caminho de ferro em Portugal. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e REFER - Rede Ferroviária Nacional. 233 páginas. ISBN 978-989-97035-0-6 
  • CERVEIRA, Augusto; CASTRO, Francisco Almeida e (2006). Material e tracção: os caminhos de ferro portugueses nos anos 1940-70. Col: Para a História do Caminho de Ferro em Portugal. 5. Lisboa: CP-Comboios de Portugal. 270 páginas. ISBN 989-95182-0-4  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  • QUEIRÓS, Amílcar (1976). Os Primeiros Caminhos de Ferro de Portugal: As Linhas Férreas do Leste e do Norte. Coimbra: Coimbra Editora. 45 páginas 
  • SALGUEIRO, Ângela (2008). A Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses: 1859-1891. Lisboa: Univ. Nova de Lisboa. 145 páginas 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre a Estação de Elvas

Ligações externas

  • “Sinalização da estação de Elvas” (diagrama anexo à I.T. n.º 28), 1977
  • «Página sobre a Estação de Elvas, no sítio electrónico Wikimapia» (em espanhol) 
  • «Página sobre a Estação de Elvas, no sítio electrónico da empresa Infraestruturas de Portugal» 
  • Estação Ferroviária de Elvas na base de dados SIPA da Direção-Geral do Património Cultural
  • v
  • d
  • e
Infraestruturas de Portugal Adif Estações ferroviárias fronteiriças entre as redes de Portugal e Espanha
Em serviço
Sem serviços
Barca d'Alva / La Fregeneda • Marvão-Beirã / Valencia de Alcántara • Vila Real de Santo António-Guadiana / Ayamonte
  • v
  • d
  • e
Estações e apeadeiros da Linha do Leste
  • v
  • d
  • e
Concursos das Estações Floridas
Ano Prémio
1.º 2.º 3.º 4.º 5.º 6.º
1941 Castêlo da Maia Luso-Buçaco Alcântara-Mar
1942 Castêlo da Maia Portimão Carcavelos
1943 Rio Tinto Fornos de Algodres Olhão
1944 Darque Olhão Pero Negro
1945 Leça do Balio Caminha Afife
1946 Runa Pinhal Novo Leixões
1947 Runa Fornos de Algodres Caminha
1948 Caminha Fornos de Algodres Castelo de Vide
1950 Runa Olhão Caminha
1951 Valado Runa Cête Leixões Olhão Caminha
1952 Leixões Valado Runa Olhão Cête Afife
1953 Olhão Caminha Valado Runa Rio Tinto Leixões
1954 Leixões S. Mamede de Infesta Valado Rio Tinto Runa Olhão
1955 Valado Leixões Barroselas Olhão Fornos de Algodres Luso-Buçaco
1956 Valado Leixões Cête Paçô Vieira Olhão Paredes
1957 Luso-Buçaco Valado Paçô Vieira Fronteira Fornos de Algodres Contumil
1958 Caminha Leixões Olhão Valado Luso-Buçaco Fronteira
1959 Fronteira Fornos de Algodres Contumil Luso-Buçaco Valado Olhão
1960 Elvas Barcelos Macinhata Covas Olhão Canedo
1961 S. João da Madeira S. Mamede de Infesta Valença Porto-Trindade Chaves Celorico de Basto