Batalha de Azamor

Batalha de Azamor

Fresco representando o desembarque das forças do Duque de Bragança, durante a Conquista de Azamor, localizado no Paço Ducal de Vila Viçosa
Data 29 de agosto de 1512 – 2 de setembro de 1513
Local Azamor, Marrocos
Desfecho Vitória portuguesa
Beligerantes
Reino de Portugal Reino de Portugal Sultanato Oatácida
Comandantes
Reino de Portugal Jaime I, Duque de Bragança Mulei Zaiã de Azamor
Forças
18 000 infantaria
2 450 cavalaria
400 navios
2 000 infantaria
1 000 cavalaria
7 navios
Baixas
3 900 infantaria
1 287 cavalaria
42 navios destruídos
1 500 infantaria
1 000 cavalaria
7 navios destruídos
Campanhas coloniais portuguesas
Conflitos prolongados mostrados em negrito
Data  Região 
1415 Ceuta
1437 Marrocos
1458 Marrocos
1468 Marrocos
1471 Marrocos
1478 Guiné
1487 Marrocos
1490 Marrocos
1501–02 Índia
1502 Índia
1503 Índia
1504 Índia
1506 Índia
1507 África Oriental
1507 Hormuz
1508 Índia
1509 Índia
1510 Índia
1511 Malaca
1514 Marrocos
1515 Marrocos
1517 India
1521 China
1522 China
1523 Arábia
1526 Índia
1531 Índia
1538 Índia
1541 Mar Vermelho
1541 Mar Vermelho
1542 África Oriental
1546 Índia
1548 Arábia
1551 Arábia
1552–54 Arábia
1553 Golfo Pérsico
1558 Brasil
1559 Índia
1561 Japão
1562 Marrocos
1567 Brasil
1568 Malaca
1569 Achém
1570–75 Índia
1580–83 Oceano Atlântico
1580–89 Oceano Índico
1581 Damão
1587 Jor
1601 Java
1606 Malaca
1606 (ago) Malaca
1612 Índia
1614 Brasil
1619 Ceilão
1622 China
1622 Angola
Data  Região 
1624 Brasil
1625 Pérsia
1625 Brasil
1625 Costa do Ouro
1629 Malaca
1630 Brasil
1631 Brasil
1638-39 Índia
1671 Angola
1637 Costa do Ouro
1638 Índia
1638 Brasil
1639 Índia
1640 Brasil
1640–41 Malaca
1645 Brasil
1647 Angola
1648 Brasil
1648 Angola
1649 Brasil
1652–54 Brasil
1654 (mar) Ceilão
1654 (mai) Ceilão
1665 Angola
1670 (jun) Angola
1670 (out) Angola
1696–98 Mombaça
1710 Brasil
1711 Brasil
1729-32 Índia
1735–37 Banda Oriental
1752 Índia
1756 América do Sul
1761–63 América do Sul
1762–63 Sacramento
1768-69 Angola
1774-78 Angola
1776–77 América do Sul
1809 Guiana Francesa
1816–20 Banda Oriental
1821–23 Brasil
1846 China
1849 China
1850-62 Angola
1855-74 Angola
1890–1904 Angola
1907 Angola
1914–15 Angola
1917–18 Moçambique
1954 Índia
1961 Índia
1961–74 África
• 1961–74 Angola
• 1963–74 Guiné-Bissau
• 1964–74 Moçambique


A Batalha de Azamor ou Conquista de Azamor foi uma batalha travada entre os exércitos do Reino de Portugal e da Dinastia Oatácida, que ocorreu perto da cidade de Azamor, Marrocos, entre 29 de agosto e 2 de setembro de 1513.[1][2] Foi causada pela recusa do governador da cidade em cumprir as suas obrigações de vassalo e pagar um tributo ao rei português. Como consequência da derrota, a cidade de Azamor foi ocupada sem resistência pelo exército português, que fortificou-a e ali deixou uma guarnição.

Antecedentes

Azamor, dependente do rei de Fez, embora gozando de grande autonomia, prestava vassalagem ao rei D. João II já desde 1486. As desavenças geradas entre o governador Mulei Zaiã, que se recusou pagar o tributo e preparava um exército para se defender, ocasionaram num envio de uma frota àquela cidade em 15 de agosto de 1513, a mando de D. Manuel I.

Batalha

O rei D Manuel enviou uma frota de 500 navios para a África em 15 de agosto de 1513, e um exército de 2 000 cavaleiros e 13 000 infantes, liderados pelo seu sobrinho Jaime I, Duque de Bragança.

Assim descreve o feito Pedro de Mariz:

Ainda, Que elRey Dom Emanoel, tinha por tributaria a Cidade Azamor em Affrica, todavia desejava ser Senhor della: porque muitas vezes lhe negava o tributo, & se ajuntava com seus inimigos; polo, que determinou mandalla conquistar. E pera isso era o anno do Senhor mil, & quinhentos, & treze, mandou fazer huma poderosa armada, de mais de quatrocentas vellas, & dezoito mil homens de pé, de que três mil erão do Duque de Bragança Dom Gemes, que hia por General desta armada, que também levava quatrocentos, & cincoenta homens de cavallo, & cento acubertados, & todos seus criados, & vassallos: além destes hião mais de dous mil de cavallo, & duzentos acubertados, todos criados delRey affora a pionagem, que estes todos levávão. Partido o Duque com esta fermosa companhia, foy surgir duas léguas de Marzagão a 28 de Agosto[…]. De Marzagão partio o exercito ao primeiro de Setembro, […] A Azamor, & mandou logo dar o primeiro combate, com tanta ordem cometido, & com tanto fervor, & valentia; que os Mouros, ainda, que muitos, & bem armados, & fortalecidos, e muito versados em cavallarias; desconfiarão de se poderem defender. Principalmente quando virão morto de húa bombarda o Capitão mor da Cidade; cuja vista os acabou de desenganar de todo, & sobrevindo a noite, se sahirão da Cidade com muita pressa […]. Ao outro dia, sendo o Duque avisado do que passou, deu logo graças a Deos publicamente, & com grande triumpho entrou na cidade, & muito mayor contentamento em o seu animo, por huma tão grande, & tão barata vitória, que lhe não custou nem hum só homem. E tanto assombrou esta conquista a todos aquelles bárbaros Mauritanos, que logo as Cidades Titer & Almedina, se despejarão, & os portuguezes, se entregàrão dellas; Nuno Fernandez de Attaide capitão de Çafim, se entregou de Almedina a cujos moradores fez logo tornar a ella, com promessas, & liberdades: & pera que não se pudesse levantar mais, mandou derribar dous lanços do muro, hum da parte de Azamor: outro da de Çafim (safi). E todas as mais cousas da Cidade novamente conquistada, ordenadas como convinha ao governo, & defenção della, se veyo o Duque de Bragança ao Reyno, deixando encomendada sua casa a seu primo Dom Francisco Portugal, que foy o primeiro Conde de Vimioso: & por Capitão-mor do exercito Dom João de Menezes. E elRey Dom Emanoel mandou em o seu Reyno dar publicas graças a Deos por aquellas obras de sua omnipotencia, tanto em seu louvor acabadas: & o mesmo mandou o papa Leão decimo fazer em Roma, tanto que o soube, com huma solene procissão, em que elle disse missa em Pontifical, & houve prégação em louvor dos portuguezes, & de suas heroicas obras pola exaltação a Fé, & augmento de sua Igreja.

Em 29 de agosto, o exército desembarcou em Mazagão e marchou em direção a Azamor. Após vários dias de combate perto da cidade, os portugueses derrotaram a última resistência do exército marroquino. Em 2 de setembro, os moradores de Azamor, sem resistência, abriram as portas da cidade aos portugueses. Azamor foi ainda mais fortificada e os portugueses deixaram uma guarnição para conter os constantes ataques oatácidas.

Fernão de Magalhães participou da batalha, perdeu o seu cavalo e sofreu uma grave lesão no joelho, da qual nunca se recuperou totalmente. Após uma disputa sobre a distribuição do butim capturado, deixou o exército português sem permissão, e por isso ficou mal visto na corte portuguesa. Isso o levou a ingressar serviço em Castela, a serviço da qual liderou a primeira viagem de circum-navegação do mundo.

Ver também

Referências

  1. «Ferdinand de Magellan De la bataille d'Azemmour à l'Armada des Moluques». mazagan-aamr.fr. Consultado em 19 de maio de 2022 
  2. Ferreras, Juan de (1751). Histoire générale d'Espagne: enrichie de notes historiques & critiques, de vignettes en taille-douce, & de cartes géographiques (em francês). [S.l.]: Chez Charles Osmon, (chez) Jacques Clousier, (chez) Louis-Estienne Ganeau 
  • Pedro de Mariz: Diálogos de Vária história. Em coimbra, Na Officina de António de Mariz. MDLXXXXVIII (1598)


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